Por Ana Biana – Supervisora Pedagógica do Pré-Escolar Santa Úrsula
A infância é o período em que alicerçamos nossas bases cognitivas, emocionais, motoras, sociais e éticas. Quando ainda não sabemos utilizar a linguagem oral, nós fazemos uso principalmente da emoção para se comunicar com o mundo, através do choro, do sorriso, das birras e das demonstrações de afeto. Mas, ao desenvolver a linguagem oral, ampliamos, ainda mais, nossa forma de se expressar, e comunicar o que sentimos e desejamos e, aí começamos a nos relacionar com o mundo de uma forma nova. É aí também, que surgem os primeiros desafios para pais e educadores, entender o quão é importante para a formação das crianças desde que tenha idade de se estabelecer claramente os limites que possibilitam um desenvolvimento sadio, que promove o conforto de sentir-se seguro, protegido, amado e cuidado.
Há um movimento muito forte que vê na construção de limites e combinados um ato de negar a autonomia das crianças, de causar dores e frustrações. O que diante da vasta experiência com a Educação Infantil, julgo completamente equivocado. As crianças buscam nos seus responsáveis, seja no âmbito familiar ou escolar, ações e vivências onde elas possam claramente compreender esse universo social no qual ela está inserida. E é na observação de nossas atitudes, na escuta de nossas orientações, na percepção de nossas opiniões e condutas que elas vão ampliando suas próprias concepções do mundo e das regras que o regem, construindo principalmente na convivência com seus pares seu próprio conceito de limites.
Mas, deixemos agora de teorizar e passemos a pensar no que isso representa de fato no dia a dia do processo de formação de uma criança. Quando ela busca por referência, quase sempre, essa busca vem no sentido contrário do que realmente ela precisa e deseja no momento, isso é um traço característico das contradições da infância, eles relutam horas quando estão caindo de sono, ficam verdadeiros tiranos quando estão com fome, e mesmo assim, se negam a dormir e a aceitarem suas deliciosas refeições. Portanto, digo que a criança nem sempre ou quase sempre vai aceitar limites e regras sem relutância, mesmo sendo o que desejam e precisem para sentirem-se seguros, protegidos e amados e, continuarem a desbravar o mundo através da promoção de novas experiências. Então, sugiro que deixemos esse medo de conduzir, de orientar e principalmente de negar algo as crianças quando isso não trouxer vivências enriquecedoras ou for gerar prejuízos ao desenvolvimento saudável das mesmas.
… é característica da criança que seu desejo seja ilimitado, com fantasias de tudo querer e de tudo poder. Só com o desenvolvimento, com a ajuda do adulto e tendo limites, é que a criança pode ir aprendendo a restringir certas vontades, a trocar uma coisa por outra, a aceitar que existe uma hora para cada atividade e que, mesmo que algo seja prazeroso, em certo momento pode precisar ser deixado de lado e substituído por outra coisa; mas, é fundamental que os adultos, também, possam aceitar os limites e as frustrações da vida, considerando os aspectos da realidade, ou seja, possa compreender que frustrar o filho (dar limites) não é ser “mau”, e sim, dar-lhe proteção e cuidado. Se isto não está sendo possível, as “regras” de como educar e castigar acabam falhando (ZAGURY, 2003).
Assumir esse papel, nem sempre é fácil para pais e educadores, mas é imprescindível que tenhamos clareza no tipo de pessoas que queremos formar e, só assim, o faremos de forma legítima, consciente, assertiva e principalmente na dosagem ideal de autoridade e afeto.
Referência Bibliográfica
ZAGURY, T. Limites sem trauma. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. (Construindo Cidadãos).
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |